Dividem-se as opiniões sobre o peso que um animal tem na vida de alguém.
O amor por um animal doméstico, que é adotado e passa a fazer parte da rotina e muda a dinâmica de uma casa, é uma realidade que acontece diariamente em qualquer parte do planeta.
Se há extremos de ambos os lados – os que maltratam os animais mas também os que os que quase os humanizam -, em casos mais intermédios existem os que acolhem o cão ou gato como membro da família.
A contrastar, estão os que ‘não gostam de animais’, dizem os próprios, que não entendem que a dor de o perder pode ser tão desgostosa quanto a perda de um ente querido. É por esta falta de sensibilidade para com a perda de um animal doméstico que quem passa pelo problema retrai-se, esconde os seus sentimentos e põe até a hipótese de ter algum problema ou ser demasiado sensível por estar a sofrer assim por um animal.
Doug foi tutor de Delia por 17 anos. Foi buscar a cadela ao canil, sem querer dar demasiada importância à adoção, sem saber que se apaixonaria pelo animal que o acompanharia por toda a sua adolescência. Quando Delia morreu, Doug passou um período bastante mau, em que tendia a isolar-se e não se conseguia concentrar no trabalho.
Este é um caso real igual a tantos outros. Foi descrito no Scientific American, que cita o psicólogo Guy Winch para alertar para a necessidade de se levar mais a sério a perda de um animal doméstico, pois embora se esteja a falar de uma experiência devastadora, que pode ter consequências a nível emocional e psicológico, a sociedade não reconhece.
‘Arranjas outro’, ouve-se dizer numa tentativa de ajuda distante que prova que, aos olhos de muitos, o tempo de vida passado com qualquer cão, gato ou outro animal, é um feito que marca o seu dono, que tem direito ao luto a que não tem como fugir.
O perder a rotina de passear o cão diariamente ou ser acordado pelo gato às sete da manhã (mesmo ao sábado) são experiências que se integram de tal forma na rotina diária que muitos deprimem ao perdê-las, refere Winch.
Tutelar um animal é benéfico à saúde humana. Aumenta o humor, estimula a socialização e torna-o até mais produtivo. Mesmo que na altura tal não seja associado à morte do animal, a perda tem de fato grande impacto na vida do ser humano.
Todavia, o assunto parece não ser merecedor da importância que carece. O dono do animal retrai-se, não desabafa com amigos ou colegas por receio de parecer demasiado sensível e nem pensa em pedir ao patrão para tirar um dia a fim de se recompor. O problema é real, faz parte da vida de muitos e por isso o assunto tem de ser falado e visto como tal, pela saúde do indivíduo que sofreu a perda.
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