Vacina pode garantir a esterilização de cães

Vacina pode garantir a esterilização de cães

SAÚDE PÚBLICA (29/12/2008)

Vacina pode garantir a esterilização de cães

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Cláudio Lopes demonstrou, em laboratório, a possibilidade de fabricação de uma vacina ou soro para controle da procriação excessiva de cães (Foto: JULIANA VASQUEZ/ LC MOREIRA)

Pesquisa inédita no mundo demonstra a possibilidade de controlar a procriação excessiva de cães por meio de vacina

Fortaleza. Em médio prazo, as cidades brasileiras poderão dispor de solução para grave problema de saúde pública: a superpopulação de cães nas ruas, contribuindo consideravelmente para o aumento de zoonoses como raiva e leishmaniose. É que os governos poderão contar com uma vacina ou um soro para a esterilização de cadelas, aplicadas durante as campanhas públicas de combate à raiva. A base para fabricação desses medicamentos foi comprovada pelo médico veterinário e pesquisador, Cláudio Afonso Pinho Lopes, em sua tese de doutorado “Avaliação ‘in vitro’ do potencial de imunoesterilização de cães”, defendida recentemente no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

A tese, que teve como orientador o professor José Ricardo de Figueiredo, obteve nota máxima (10) com louvor, pela banca de docentes integrada por Maria Denise Lopes, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp); Lúcia Daniel Machado da Silva e Cláudio Cabral Campelo, ambos da Faculdade de Veterinária (Favet) da Uece; e José Roberto Viana da Silva, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

A pesquisa de Cláudio Lopes testou, em laboratório ( “in vitro”), anticorpos específicos para as proteínas dos óvulos de cadelas. Em seu estudo, ele confirmou duas hipóteses consideradas. A primeira é que os anticorpos são capazes de promover o bloqueio do acesso do espermatozóide ao óvulo.

A segunda hipótese é de que os anticorpos têm a capacidade de promover a degeneração dos óvulos, assegurando a esterilização das fêmeas. A técnica utilizada pelo pesquisador teve como base o método usado para o primeiro ovário artificial de caprino do mundo, atualmente em desenvolvimento pelo professor e pesquisador do CNPq, José Ricardo de Figueiredo, no laboratório o qual coordena, o Lamofopa (Laboratório de Manipulação de Oócitos e Folículos Ovarianos Pré-Antrais), na Uece.

Procriação descontrolada

Segundo destaca Cláudio Lopes, as ninhadas de cadelas são bastante numerosas e seguem uma progressão geométrica (multiplica-se em escala cada vez mais crescente). Para agravar a situação, ainda não é uma realidade, especialmente nas cidades brasileiras, a posse responsável desses animais, o que provoca a procriação descontrolada dos caninos.

O crescente número de cães abandonados nas ruas é uma preocupação constante das autoridades sanitárias, segundo destaca o pesquisador.

“Infelizmente, no contexto atual, ainda são necessários os sistemas atuais de controle de zoonoses que se baseiam na eutanásia desses animais”, afirma Cláudio Lopes, para justificar a importância de sua pesquisa.

Segundo aponta, o estudo vem para preencher uma lacuna verificada devido à ausência de um método contraceptivo para cadelas, com custo acessível à grande maioria de proprietários de animais.

Os métodos atuais (cirurgia ou injeção) ainda são bastante caros para uma família carente pagar. “Nesse contexto, estamos apresentando uma solução técnica que é a base para fabricação de uma vacina ou um soro para esterilização de cadelas”, afirma ele.

Estudos na Europa

Cláudio Lopes realizou seus estudos no Lamofopa-Uece, mas também cumpriu programação na Universidade de Brasília (UnB) e no Institute Sür Zoo Und Wildtierforschung (Instituto de Pesquisa em Zoologia e Vida Animal), em Berlim, Alemanha. Conforme ele explica, nesse país a técnica já foi comprovada para gatos, uma vez que a posse responsável de cães é praticada.

Vencida a etapa em laboratório, Lopes quer continuar os estudos para comprovação da tese em experimento utilizando o próprio animal — condição básica para fabricação da vacina ou do soro. Vale destacar, conforme o doutor, que a pesquisa, nessa etapa, deverá ser realizada sem comprometer o bem-estar das cadelas.

VALÉRIA FEITOSA
Editora do Regional


Mais informações:
Laboratório de Manipulação de Oócitos e Folículos Ovarianos Pré-Antrais (Lamofopa), na Favet-Uece, (85) 3101.9852 www.renorbio.org.br/red_moi
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