A Sexta-feira 13, amplamente conhecida por ser uma data associada ao azar, traz preocupação especial para protetores de animais, principalmente para aqueles que cuidam de gatos pretos. Neste dia, superstições históricas são reavivadas, resultando em riscos para esses animais, muitas vezes alvos de maus-tratos ou rituais malévolos. Mas de onde surgem essas associações e como podemos proteger os bichanos? Este artigo explora as origens dessa crença e apresenta medidas práticas para garantir a segurança animal.
Origem das Superstições Ligadas à Sexta-feira 13 e Gatos Pretos
A história dos gatos pretos como símbolos de azar remonta à Idade Média. Em 1233, o Papa Gregório IX publicou a bula Vox in Rama, que descrevia os gatos pretos como aliados do maligno. Essa associação contribuiu para a caça às bruxas na Europa, onde mulheres e seus gatos eram queimados sob a suspeita de praticarem feitiçaria.
De acordo com o historiador Ronald Hutton, em seu livro The Witch: A History of Fear, from Ancient Times to the Present (Oxford, 2017), “a perseguição aos gatos pretos não foi apenas uma caça à bruxaria, mas também uma tentativa de erradicar simbolismos pagãos que resistiam ao cristianismo.” Essa estigmatização gerou consequências que persistem até hoje, como a baixa taxa de adoção desses animais.
Gatos Pretos e Maus-Tratos: Uma Realidade Atual
Embora a Idade Média tenha ficado para trás, os gatos pretos continuam sendo vítimas de preconceitos. Em abrigos de animais, eles costumam ser os menos adotados, especialmente em outubro, mês em que o Halloween intensifica as superstições.
Segundo a ONG Proteção Animal Mundial, “em datas como a Sexta-feira 13, aumenta o risco de maus-tratos contra gatos pretos devido à perpetuação de crenças infundadas.” Estudos como o de Martha Weiss, publicado na revista Anthrozoös (Washington, 2019), apontam que a cor preta, associada ao misticismo, afeta a percepção das pessoas em relação aos gatos, reduzindo as chances de adoção.
Como Proteger Gatos Pretos?
1. Evitar Doações em Datas Críticas
ONGs recomendam suspender as doações de gatos pretos em datas próximas à Sexta-feira 13 e ao Halloween. Essa medida visa prevenir que esses animais sejam adotados por indivíduos com intenções malévolas.
2. Campanhas de Conscientização
É fundamental promover campanhas educativas para combater superstições. A literatura também é uma ferramenta poderosa: no livro Cat Sense (John Bradshaw, Nova York, 2013), o autor explica como os gatos foram transformados em vítimas de lendas urbanas e destaca a importância de desmistificar essas ideias.
3. Redes de Apoio e Vigilância
Tutores de gatos pretos devem redobrar os cuidados em datas específicas. Mantê-los dentro de casa e monitorar suas interações é essencial para evitar situações de risco.
Por Que Desconstruir Superstições É Importante?
A desconstrução dessas crenças ultrapassa o bem-estar dos gatos: é uma questão de humanidade. Ao perpetuar mitos, criamos espaço para a intolerância e o preconceito. Educação e sensibilização podem transformar esse cenário.
Como afirmado por Carl Safina, em Beyond Words: What Animals Think and Feel (Chicago, 2015), “Compreender os animais e respeitar suas peculiaridades não apenas enriquece nossas vidas, mas também promove um mundo mais compassivo.”
A Sexta-feira 13 é um lembrete da necessidade de protegermos aqueles que não podem se defender sozinhos. Mais do que combater superstições, é um convite para refletirmos sobre nosso papel na construção de uma sociedade mais empática e informada. Cuidar dos gatos pretos é, também, um ato de resistência contra crenças ultrapassadas e injustiças históricas.
