O homem de 58 anos que foi atacado por uma onça-pintada e salvo pelo seus cinco cães em uma fazenda de Porto Murtinho, a 440 km de Campo Grande, ainda não viu os animais. Segundo Julian Romero, que se recupera em uma chácara próximo à cidade desde o último dia 14, já são nove dias longe dos cachorros que para ele são considerados heróis: "Estou morrendo de saudade, não vejo a hora de abraçar meus anjos da guarda".
Os cães que salvaram Julian do ataque de uma onça-pintada em Porto Murtinho (MS): 'Anjos da Guarda' — Foto: Arquivo pessoal
Conforme a esposa de Julian, Anselma Benitez, de 57 anos, o marido pergunta pelos cães todos os dias e acredita que os animais também estejam sentindo muita falta dele: "São 2 machos e duas fêmeas, todos eles são bravos, mas muito dóceis com a gente, são nossos companheiros. Não vemos a hora de vê-los", explica ao G1.
De acordo com Anselma, os animais chegaram ainda filhotinhos na propriedade rural e sempre estão acompanhando o marido nas atividades no campo. Barão, Anita, Chiquinha, Vagabundo e Solita estavam com o dono na fazenda e espantaram a onça, que já estava com as patas sobre as costas do homem:
"Se não fosse eles no dia do ataque, meu marido não estaria mais aqui. Ele se recupera bem e falta só mais um dia para ele tirar os pontos", ressalta.
Segundo o médico Diego Ruiz, Julian teve quatro perfurações e cada uma precisou de 3 pontos. A vítima também demorou cerca de 8 horas para chegar até o hospital onde ficou internado na área vermelha e foi liberado no mesmo dia.
Relembre o caso
Julian relata que estava a cavalo na fazenda acompanhado pelos cães quando sentiu mau cheiro na área de mata e foi verificar do que se tratava:
"Eu fui cedo levar sal no coxo para as vacas e vi uns urubus sobrevoando a mata, desci do cavalo e quando vi era uma anta morta. Logo em seguida a onça pulou nas minhas costas", relembra. Julian levou um tapa e uma mordida nas costas.
O médico que atendeu o homem informou que ele teve quatro perfurações na região das costas e só conseguiu chegar 8 horasdepois ao hospital de Porto Murtinho.
Onças atacam para proteger sua caça
O presidente da Organização Não-Governamental (ONG) Panthera, Leonardo Avelino, explica que a onça pode ter interpretado a presença dos 5 cães como uma "concorrência" alimentar para a caça que protegia: "As onças costumam ficar agressivas com a proximidade de cães, a razão do ataque pode ter sido justamente a presença deles", afirma.
Segundo o coronel Queiroz da Polícia Militar Ambiental (PMA), em duas outras ocasiões, funcionários de uma fazenda foram verificar mau cheiro e foram atacados por onças também, porque especialmente a onça-pintada defende seu alimento:
"Ela mata a presa, depois fica se alimentando e vigiando essa carne. Essa é uma das formas em que ela pode atacar o ser humano, porque a onça-pintada não encara um ser humano adulto como uma presa, ela tende a se afastar, mas para defender seu alimento ou seus filhotes ela pode atacar", explica.
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