Apelidado de “O Guardião”, cão apareceu após uma festa de música eletrônica e foi adotado pelos trabalhadores do Usina 5.
“O Emílio foi a ressaca da festa”, conta a diretora de marketing Bruna Wladyka sobre o começo da história da adoção do Emílio, um cachorro que morava nas ruas do bairro Prado Velho, em Curitiba (PR), e que ganhou cerca de 30 ‘pais e mães’ que trabalham no espaço multicultural Usina 5.
Emílio é o cachorro que tem cerca de 30 donos, e mora em um grande espaço multicultural. (Foto: Bruna Wladyka / arquivo pessoal)
Com uma cara de sapeca, todo preto e branco e, possivelmente, com um ano e meio de idade segundo os veterinários, Emílio apareceu de mansinho nos galpões ao final de uma festa de música eletrônica em Outubro do ano passado, e foi ficando como se ali já fosse sua casa desde sempre. “Ele fica dormindo do meu lado o dia todo praticamente”, se diverte ela ao contar a história do cão.
Nos primeiros dias, Bruna e os colaboradores do espaço não deram muita bola e pensaram que ele voltaria para casa, ou que alguém apareceria, já que o bairro possui muitos cachorros que ficam soltos, mas que sempre retornam para seus tutores.
Como a semana foi passando e ninguém requisitou a volta do Emílio, os trabalhadores do Usina 5 entraram em contato com organizações não governamentais e assistenciais para ver se havia algum registro de desaparecimento. Não havia. “Ele estava bem doentinho, então o levamos para tratar no veterinário, onde ficou duas semanas fazendo exames e recebendo remédios e vacinas”, relata Bruna.
Ela explica, ainda, que os sócios decidiram ficar com ele como uma espécie de guardião do local, e o chamaram de Emílio, em homenagem ao fundador do local, Emílio Romani. Assim, ele se tornou o ‘mascote’ dos cerca de 30 funcionários de lá.
Bruna diz que “todo mundo adora ele, o Emílio é super fofo, bem quietinho durante o dia, passeia um pouco pelos nossos escritórios, morde as coisas, mas a gente tem um carinho grande por ele”.
Se de dia o Emílio é quietinho, não atrapalha o serviço de ninguém, durante a noite que o mascote faz a festa. Como o pessoal vai embora por volta das 20 horas, ele fica com os seguranças do espaço. “O Emílio faz companhia para os vigias, fica para lá e para cá, brinca com eles”, conta Bruna.
Colaboração
O cão passa praticamente o dia todo dormindo, mas faz a festa quando alguém quer brincar com ele. (Foto: Bruna Wladyka / arquivo pessoal)
Todos contribuem para cuidar do cachorro (que ganhou também uma coleira de identificação), mas apenas duas pessoas são responsáveis para dar ração, água, limpar o canil e levar no veterinário quando precisa. “Senão vira uma bagunça, cada um dando um biscoitinho, uma coisinha. Daqui a pouco o Emílio fica gigante”, diz.
Bruna relata outras peraltices de Emílio, principalmente quando quer brincar: “Dia desses, tinha uma menininha que veio com alguém em uma reunião e ele pegou o chinelo dela e saiu correndo!”
Fora quando ele pega algo dos escritórios, mas nada que irrite o pessoal. “A gente gosta muito dele, sabemos que é bem novinho ainda”, conta.
A casinha e o canil em que ele fica foram construídos na área administrativa do espaço, e que fica isolada nas noites de festas e eventos. Só quando há algo muito grande ou barulhento é que o Emílio é levado para a casa de alguém. “Mas, normalmente, ele fica aqui mesmo”, explica Bruna.
Cuidados
A atitude tomada por Bruna e pelos funcionários do Usina 5, quando o cachorro chegou, foi correta, segundo a veterinária Bianca Ricci Borba, do Hospital Veterinário Batel. De acordo com ela, o animal deve ser levado imediatamente ao veterinário, mesmo que aparente estar saudável. “O veterinário vai fazer o que for necessário para que o animal tenha saúde e seja doado com segurança”, explica.
Foto: Bruna Wladyka / arquivo pessoal
A procura pelo tutor também é um passo importante, além de verificar se o cão possui o microchip de identificação. “Ele não é um GPS, é um número cujo cadastro você encontra o endereço e telefone do tutor e até o contato do veterinário responsável”, esclarece a especialista.
Em Curitiba, a microchipagem de animais é gratuita para os moradores da cidade e pode ser feita em feiras da Rede de Proteção Animal. Informações sobre datas e locais estão disponíveis no site da ação.
Compartilhamento de cães
Um cão com vários donos não é mais raridade: já há até sites e aplicativos que promovem essa espécie de ‘compartilhamento’ de animais. Um deles, o City Dog Share, é uma plataforma californiana com mais de cinco mil pessoas interessadas em compartilhar a guarda dos cachorros. O serviço ainda não está disponível no Brasil.
Há também os aplicativos que promovem a interação entre os mascotes, como o Flockr, que lembra muito o Instagram; o Snap Pets, inspirado no Snapchat; e o Instapet. Todos eles estão disponíveis nas lojas de aplicativos dos smartphones.
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