Campinas pode aprovar lei que obriga a castração de PitBulls

Campinas pode aprovar lei que obriga a castração de pit bulls

Plantão | Publicada em 31/08/2007 às 18h16m

http://oglobo.globo.com/sp/mat/2007/08/31/297534079.asp

Cleide Carvalho, O Globo Online Campinas quer lei para castração de pit bulls - Arquivo

SÃO PAULO - Os sucessivos ataques de cães da raça pit bull podem levar a Câmara de Vereadores de Campinas a aprovar lei que obriga os donos a castrar os animais da raça. Na capital paulista, a cada três dias uma pessoa é atacada por um pit bull.

O projeto de lei apresentado pelo vereador Sebastião dos Santos tem o objetivo evitar a proliferação da raça na cidade. Se não houver procriação, segundo ele, é possível eliminá-la num prazo de até 10 anos.

- Com esta medida, em 7 ou 8 anos teremos acabado com a raça na cidade, mas com respeito e sem agressão aos animais - explica o vereador.

Nesta sexta-feira, um homem foi atacado pelo próprio cão da raça pit bull.

Segundo ele, Campinas registrou apenas este ano 50 ataques de pitbull. Na última terça-feira, um homem de 67 anos foi atacado por dois pit bull. Ele teve cortes na cabeça, perna, pé, mão e braço. Os bombeiros disseram que os dois cachorros conseguiram sair da casa do dono, que é vizinho, e entraram no quintal do idoso atrás do cachorro da vítima. O homem tentou salvar seu cão e acabou atacado.

O número de vítimas em Campinas, de acordo com o vereador, pode ser bem mais do que 50, já que muitos casos são omitidos. Santos diz que muita gente não denuncia para evitar problemas com o dono do cão, muitas vezes um vizinho.

- Com a esterilização, a raça vai morrer de velha - afirma, acrescentando que o movimento para extinção da raça pitbull tende a crescer por conta do medo das pessoas.

O vereador espera que o projeto seja aprovado em primeira votação até o fim da semana que vem. A previsão é que em 30 dias ocorra a segunda votação. O projeto prevê uma multa em torno de R$ 1 mil para os donos de cães não castrados. No caso de reincidência, o valor dobrará.

Em 2003, o governador Geraldo Alckmin vetou projeto de lei aprovado na Assembléia Legislativa de São Paulo que previa a proibição de comercialização da raça. A razão foi a inconstitucionalidade do projeto. O próprio governador era dono de um pitbull, chamado Tito. Renéa, mulher de Claudio Lembo, que foi vice de Alckmin e seu sucessor no fim do mandato, teria confidenciado a uma colunista que chegou a viajar com Tito num helicóptero, ao lado de Lu Alckmin, e ficou com medo.

Em março de 2004, Alckmin promulgou lei estadual obrigando proprietários de cães pit bull, rottweiler, mastin napolitano e american staffordshire terrier a usarem coleira, guia curta e enforcador quando saírem às ruas. Em locais de grande concentração de pessoas, é obrigatório o uso de focinheira. O problema é que muitos ataques ocorrem quando o animal escapa acidentalmente ou, então, dentro do próprio domicílio.

Em Belo Horizonte, a Prefeitura vai colocar chips nos cães pitbull a partir deste mês, na tentativa de forçar os donos a uma posse consciente e responsabilizá-los em caso de ataques. A estimativa do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ)é que existam 5 mil animais desta raça. A cidade já cadastrou 2.159 donos.

- Temos uma lei que proíbe a criação, reprodução e comercialização desde 2002, mas o governo do estado vetou o artigo que previa a castração dos animais - explica Adamastor Santos Bussolotti, veterinário do CCZ.

O problema, segundo ele, é que os ataques têm ocorrido dentro da casa onde moram. Há dois meses, um bebê foi morto por um pitbull em Itatinga.

- O bebê estava no colo da avó e o cão se irritou com o choro. O pai da criança, que era o dono do cão, estava viajando. O animal teve de ser morto pelos policiais, senão mataria também a mulher - conta Bussolotti.

Com o chip, diz Bussolotti, a Prefeitura vai poder identificar e responsabilizar os donos que deixarem os animais nas ruas. Cada chip custará R$ 10 para os cofres públicos. No último mês, 50 pit bulls foram abandonados nas ruas de Belo Horizonte, alguns deixados amarrados na porta de batalhões da PM ou do Corpo de Bombeiros.

Para Bussolotti, muitos donos não querem a posse responsável do cão, que é uma raça de moda.

- O dono vai para a academia bombar o próprio corpo e quer um cão musculoso como ele. O pit bull é um cão criado para rinha. Por mais que seja criado com amor, faz parte da índole dele atacar. Tanto é que eles são os únicos que não podem ficar junto com outros cães aqui no canil. Eles precisam ser mantidos separados porque não aceitam a presença de outro animal, a não ser que tenha nascido e crescido junto com ele - explica.

Bussoloti afirma que outras raças também são selecionadas para atuar como cão de caça ou guarda, mas nenhuma delas provoca um estrago tão grande na vítima.

- O pit bull não consegue parar quando inicia um ataque. Faz parte de sua índole e ele tem força para isso.


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