Humanização dos pets: por que as pessoas tratam seus cachorros como filhos?

Humanização dos pets: por que as pessoas tratam seus cachorros como filhos?

Você já se pegou chamando seu cachorro de filho, levando-o para passear no carrinho ou comprando roupinhas e acessórios para ele? Se a resposta for sim, você faz parte de um grupo cada vez maior de pessoas que humanizam seus pets, ou seja, atribuem características e sentimentos humanos aos seus animais de estimação.

A humanização dos pets é uma tendência em alta no Brasil e no mundo. Segundo uma pesquisa da Euromonitor International, o Brasil é o segundo maior mercado pet do mundo, com um faturamento de 36,2 bilhões de reais em 2020. O número de animais domésticos no país chegou a 144 milhões no ano passado, sendo que 54,2 milhões são cães.

Mas por que as pessoas tratam seus cachorros como filhos? Quais são os benefícios e os riscos dessa prática? Neste artigo, vamos explorar as causas e as consequências da humanização dos pets, além de dar algumas dicas para equilibrar o amor pelos animais com o respeito às suas necessidades e características.

O que leva à humanização dos pets?

A humanização dos pets não é um fenômeno novo, mas vem se intensificando nas últimas décadas. De acordo com a psicóloga Laís Milani, do Instituto Nacional de Ações e Terapias Assistidas por Animais (Inataa), o processo de humanização está inserido em um contexto social mais amplo, marcado por transformações como:

  • Queda da natalidade: cada vez mais pessoas optam por adiar ou não ter filhos, seja por questões econômicas, profissionais ou pessoais. Nesse cenário, os animais de estimação ocupam o papel de filhos substitutos, recebendo cuidados e atenção que seriam destinados às crianças.
  • Aumento do individualismo: a sociedade contemporânea valoriza a autonomia, a liberdade e a realização pessoal, mas também gera sentimentos de solidão, isolamento e falta de pertencimento. Os animais de estimação oferecem companhia, afeto e lealdade, preenchendo o vazio emocional de muitas pessoas.
  • Busca por status: em uma cultura consumista e competitiva, os animais de estimação podem ser vistos como objetos de desejo e símbolos de status. Muitas pessoas investem em produtos e serviços de luxo para seus pets, como roupas de grife, spas, hotéis e até cirurgias plásticas.
  • Antropomorfismo: é a tendência de atribuir características e sentimentos humanos aos animais. Muitas pessoas projetam nos seus pets suas próprias emoções, expectativas e desejos, ignorando as diferenças entre as espécies.

Quais são os benefícios da humanização dos pets?

A humanização dos pets pode trazer benefícios tanto para os animais quanto para os humanos, desde que seja feita com moderação e respeito. Alguns desses benefícios são:

  • Melhora da qualidade de vida dos animais: ao tratar os pets como membros da família, os tutores tendem a oferecer-lhes melhores condições de alimentação, higiene, saúde e bem-estar. Os animais também recebem mais carinho, atenção e estímulos mentais e físicos.
  • Fortalecimento do vínculo afetivo: ao humanizar os pets, os tutores desenvolvem uma relação mais próxima e amorosa com eles. Os animais se tornam verdadeiros amigos e companheiros, capazes de oferecer apoio emocional e social aos humanos.
  • Promoção da saúde física e mental: diversos estudos científicos comprovam que conviver com animais de estimação traz benefícios para a saúde humana, como redução do estresse, da pressão arterial, do colesterol e do risco de doenças cardiovasculares. Os pets também podem ajudar na prevenção e no tratamento de problemas psicológicos, como depressão, ansiedade e autismo.

Quais são os riscos da humanização dos pets?

A humanização dos pets pode se tornar um problema quando ultrapassa os limites do bom senso e prejudica o bem-estar dos animais ou dos humanos. Alguns dos riscos dessa prática são:

  • Desrespeito às necessidades e características dos animais: ao tratar os pets como humanos, os tutores podem ignorar as especificidades de cada espécie e raça, impondo-lhes comportamentos, hábitos e produtos inadequados. Isso pode gerar estresse, ansiedade, frustração e até doenças nos animais.
  • Desenvolvimento de problemas comportamentais: ao humanizar os pets, os tutores podem reforçar comportamentos indesejados, como agressividade, possessividade, medo e dependência. Os animais podem se tornar dominantes, ciumentos, desobedientes ou inseguros, dificultando a convivência com outros animais e pessoas.
  • Prejuízo à saúde física e mental dos humanos: ao humanizar os pets, os tutores podem desenvolver uma relação excessiva e doentia com eles, negligenciando suas próprias necessidades e responsabilidades. Os tutores podem se isolar socialmente, gastar além do seu orçamento ou sofrer de forma intensa com a perda ou a separação dos animais.

Como equilibrar o amor pelos animais com o respeito às suas necessidades e características?

A humanização dos pets não é necessariamente ruim, desde que seja feita com equilíbrio e respeito. Para isso, é importante seguir algumas dicas:

  • Conheça as necessidades e características do seu pet: informe-se sobre a espécie, a raça, o porte, a idade e o temperamento do seu animal de estimação. Saiba quais são as suas necessidades de alimentação, higiene, saúde, exercício, brincadeira e socialização. Respeite as suas preferências, limites e sinais de comunicação.
  • Ofereça produtos e serviços adequados ao seu pet: escolha produtos e serviços que sejam compatíveis com as necessidades e características do seu animal de estimação. Evite produtos e serviços que possam causar desconforto, dor ou sofrimento aos animais. Consulte um veterinário antes de tomar qualquer decisão que possa afetar a saúde do seu pet.
  • Estabeleça limites e regras claras para o seu pet: ensine o seu animal de estimação a obedecer aos seus comandos e a se comportar adequadamente em diferentes situações. Use métodos positivos de adestramento, baseados em recompensas e elogios. Evite punições físicas ou verbais que possam traumatizar ou agredir o seu pet.
  • Socialize o seu pet com outros animais e pessoas: acostume o seu animal de estimação a conviver com outros animais e pessoas desde cedo. Leve-o para passear em locais seguros e permita que ele interaja com outros pets. Apresente-o a diferentes pessoas e ambientes, sempre respeitando o seu ritmo e personalidade.
  • Cuide da sua própria saúde física e mental: lembre-se de que o seu animal de estimação é um complemento da sua vida, não o seu único motivo de viver. Mantenha uma rotina saudável de alimentação, sono, exercício e lazer. Cultive seus relacionamentos pessoais, profissionais e familiares. Busque ajuda psicológica se sentir que está sofrendo por causa do seu pet.

Conclusão

A humanização dos pets é um fenômeno que reflete as mudanças sociais da atualidade. Tratar os animais de estimação como filhos pode trazer benefícios para ambos, mas também pode gerar problemas quando feito de forma exagerada ou inadequada.

O segredo é encontrar um equilíbrio entre o amor pelos animais e o respeito às suas necessidades e características. Assim, você poderá desfrutar da companhia do seu pet sem prejudicar o seu bem-estar ou o dele

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