Após reencontro emocionado, dono levou cão a petshop em São José.
Família reconheceu animal em uma reportagem exibida pela TV Vanguarda.
"Ele é como um filho para mim, nem acredito que ele está de volta". Foi assim que o catador de reciclagem Francinaldo Pereira da Silva, de 54 anos, resume sua emoção por reencontrar 'Negão', seu cachorro que foi perdido há mais de dois anos durante a reintegração de posse do terreno do Pinheirinho, na zona Sul de São José dos Campos.
A família de Francinaldo reconheceu o cachorro em uma reportagem exibida na noite desta segunda-feira (28) pelo Jornal Vanguarda, que mostrava que o Centro de Controle do Zoonose (CCZ) de São José tem cerca de 60 animais para adoção.
O primeiro dia de Negão junto ao antigo dono foi marcado pelo carinho e os cuidados que Francinaldo dedicou a ele. O dono desembolsou R$ 120 para, além da ração, levar o cão para tomar banho em um petshop. "Se precisasse gastar R$ 1 mil tava bom também. O que importa é ele aqui", disse o catador que tem renda média de R$ 1.500 ao mês.
Ele conta que o reencontro com o cão - apelidado de "Joe" no canil do CCZ - foi marcante. "Eu chamei 'Negão' e ele levantou o faro e já foi em busca de mim", explica, com sotaque paraibano que conserva, mesmo morando há mais de 10 anos em São José.
"Eu tenho um poodle e um gato, mas ele é como um filho. Teve uma vez que meu filho, o de verdade, dormiu dentro do carro e, mesmo chovendo, o Negão ficou montando guarda à noite toda perto do carro", disse.
Francinaldo percorre diariamente as ruas de São José dos Campos com sua bicicleta, com um carrinho de reciclagem acoplado na traseira, atrás de garrafas PET e peças de alumínio. Mas nesta terça-feira ele não foi trabalhar.
: 0px 0px 1.5em; color: #333333; letter-spacing: -0.02em; line-height: 1.45em; background: transparent;">"Queria ficar com ele. Fiquei com ele o dia todo. Abracei muito", conta ele, que saiu para passear com Negão pelo bairro e contar para os vizinhos.
Separação
Francinaldo era morador do Pinheirinho, assentamento irregular na região Sul da cidade, e se perdeu de Negão durante a ação de reintegração de posse do terreno em janeiro de 2012.
"Saímos do Pinheirinho e fomos para um abrigo. Tentamos salvar algumas coisas da casa, mas quando voltamos para lá, não tinha nem os móveis, nem o cachorro. Disseram que todos so cachorros tinham morrido", lembra.
Ele tinha um comércio de roupas e brinquedos no local e guarda até hoje alguns itens em sua casa, no bairro Campo dos Alemães, também na zona Sul. No Pinheirinho, ele e a esposa chegaram a criar - por um período curto - duas garotas, de mães diferentes, em situação de abandono. "As mães usavam droga e elas ficaram sozinhas. Então nós pegamos para criar por um tempo. Depois deixei cada uma delas com as famílias, porque eu não ia criar, mas não podia deixar elas sozinhas lá", disse.
Atualmente, o único plano dele é ficar ao lado de Negão. "Às vezes ainda nem acredito que ele está de volta".