29/10/2006
Animais de estimação também podem ser vítimas de violência doméstica
Sandra Eckstein
em Atlanta
Emily Christie sabe como é perder um animal de estimação devido à violência doméstica.
Aos 18 anos, ela suportou seis meses de abuso antes de fugir com sua gata. Mas ela não podia cuidar de seu amado animal de estimação, Luna, de forma que foi forçada a deixá-la com alguém que mal conhecia.
Ela nunca mais viu Luna.
Mais de uma década depois, tal experiência levou Christie a abrir um abrigo para cuidar de animais de estimação de mulheres em mudança para abrigos para vítimas de violência doméstica. Estudos mostraram que até 80% das mulheres que entram nos abrigos informam que seus animais de estimação foram ameaçados, feridos ou mortos pelos seus agressores. Em um estudo, 57% das mulheres que ingressaram em abrigos informaram ter tido um animal de estimação morto pelo seu agressor.
"Muitas vezes o agressor usa o animal para intimidar ou controlar a mulher", disse Christie. "E as mulheres sabem que se deixarem seu animal de estimação, ele será ferido ou morto. Muitas mulheres já me disseram que não partiriam sem seus animais de estimação."
Christie abriu o abrigo para animais Ahimsa House em junho de 2004, o único abrigo do gênero na Geórgia e um dos poucos no país. Desde sua abertura, ela e um grupo dedicado de voluntários e veterinários já cuidaram de cerca de 155 animais enquanto suas donas tentavam solucionar suas crises.
Mas em agosto o dinheiro acabou. Agora o grupo está sendo obrigado a negar ajuda às mulheres.
"Nós recebemos animais com algumas despesas médicas realmente caras", disse Christie, que dá a cada animal recebido no programa todo o atendimento médico necessário, de vacinas e castração até operações para ossos fraturados ou condições crônicas. "Metade de nosso orçamento no ano passado foi gasto com despesas veterinárias, a maioria atendimento de emergência."
Christie disse que já recebeu animais com infecções horríveis por causa de ferimentos não tratados, ossos fraturados por violência e animais que simplesmente nunca foram levados a um veterinário. Outros animais chegaram tão traumatizados que se encolhiam e se escondiam por medo em caso de aproximação de qualquer pessoa.
Aqueles que trabalham com vítimas de violência doméstica dizem que
instalações como a Ahimsa House (ahimsa significa evitar violência ou
ferimento) são extremamente necessárias.
"Pesquisa mostra que uma entre quatro mulheres vítimas de violência doméstica disse que permaneceu em casa porque o animal de estimação da família seria torturado ou morto", disse Cathy Willis Spraetz, executiva-chefe da Parceria Contra a Violência Doméstica, que tem dois abrigos para mulheres na área metropolitana de Atlanta. Spraetz disse que a Ahimsa House era um grande recurso que agora está fazendo falta.
Marina Barron, que dirige o abrigo para violência doméstica No One Alone, em Dahlonega, disse que viram casos semelhantes. "Nós encaminhamos cerca de uma dúzia de clientes à Ahimsa House no ano passado", disse Barron. "É uma entidade desesperadamente necessária."
Nacionalmente, a lei está começando a reconhecer a ligação entre o abuso sofrido por pessoas e o sofrido por animais. Em março, o Maine sancionou uma legislação permitindo que animais fossem incluídos nas ordens de proteção contra violência doméstica. Em Columbus, Ohio, a Câmara dos Vereadores aprovou um programa no ano passado que coloca os animais de estimação de vítimas de violência doméstica em um presídio feminino, onde as detentas cuidam deles.
Christie disse que a estadia média dos animais é de cerca de 65 dias. Pouco mais da metade dos animais voltou às suas donas, e os que não puderam foram entregues para grupos que cuidam de animais para que não sejam sacrificados, ela disse.
A Ahimsa House recebeu vários subsídios e até mesmo foi declarada
Organização de Resgate do Ano em 2005 pela Pedigree, que produz rações para animais e outros produtos. Mas como ela depende quase que totalmente de doações da população, ele não recebe dinheiro suficiente, disse Christie.
A dra. Kelly Trogdon, proprietária da clínica veterinária Faithful Friend Mobile, está no conselho diretor do grupo desde sua criação. Ela disse que foi a demanda reprimida que sobrecarregou o abrigo.
"Nós recebemos telefonemas de todo o Estado, e quando ela (Christie) não tem espaço no abrigo, ela paga para colocá-los em um hotel", disse Trogdon. "Ela nunca diz não."
Merrie Rennard, uma assistente social do Gwinnett Sexual Assault Center & Children s Advocacy Center (grupo de defesa de vítimas de abuso sexual e infantil), foi eleita presidente do conselho do abrigo em 2 de outubro. Ela disse que eles perderam o contrato de aluguel do atual abrigo e possuem apenas dois lares adotivos para receberem animais.
"Nós queremos reabrir, mas precisamos de pelo menos dois anos de verba
operacional para não ficarmos abrindo e fechando", disse Rennard. "Nós
precisamos de pelo menos US$ 100 mil para recomeçarmos e um novo endereço para o abrigo."
Denise, uma mulher de DeKalb County que não quis que seu nome verdadeiro fosse citado, disse que espera que a Ahimsa House resolva seus problemas financeiros. No ano passado ela fugiu para um abrigo para vítimas de violência doméstica com três filhos para escapar de seu marido violento. Mas ela teve que deixar seu cão e gato de 18 anos para trás. Uma pessoa no abrigo mostrou para ela um folheto da Ahimsa House e no dia seguinte a polícia a escoltou até sua casa para resgatar os animais. Eles permaneceram no abrigo de animais por cerca de cinco semanas.
"Eles me enviavam fotos e me mantinham informada toda semana, e quando os recebi de volta eles tinham sido levados ao veterinário, foram tratados e até me deram ração", disse Denise, que está se divorciando de seu marido. "Tanta coisa estava indo mal no meu mundo naquela época. Foi um alívio enorme não ter que me preocupar também com meus animais."
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Animais de estimação também podem ser vítimas de violência doméstica
Sandra Eckstein
em Atlanta
Emily Christie sabe como é perder um animal de estimação devido à violência doméstica.
Aos 18 anos, ela suportou seis meses de abuso antes de fugir com sua gata. Mas ela não podia cuidar de seu amado animal de estimação, Luna, de forma que foi forçada a deixá-la com alguém que mal conhecia.
Ela nunca mais viu Luna.
Mais de uma década depois, tal experiência levou Christie a abrir um abrigo para cuidar de animais de estimação de mulheres em mudança para abrigos para vítimas de violência doméstica. Estudos mostraram que até 80% das mulheres que entram nos abrigos informam que seus animais de estimação foram ameaçados, feridos ou mortos pelos seus agressores. Em um estudo, 57% das mulheres que ingressaram em abrigos informaram ter tido um animal de estimação morto pelo seu agressor.
"Muitas vezes o agressor usa o animal para intimidar ou controlar a mulher", disse Christie. "E as mulheres sabem que se deixarem seu animal de estimação, ele será ferido ou morto. Muitas mulheres já me disseram que não partiriam sem seus animais de estimação."
Christie abriu o abrigo para animais Ahimsa House em junho de 2004, o único abrigo do gênero na Geórgia e um dos poucos no país. Desde sua abertura, ela e um grupo dedicado de voluntários e veterinários já cuidaram de cerca de 155 animais enquanto suas donas tentavam solucionar suas crises.
Mas em agosto o dinheiro acabou. Agora o grupo está sendo obrigado a negar ajuda às mulheres.
"Nós recebemos animais com algumas despesas médicas realmente caras", disse Christie, que dá a cada animal recebido no programa todo o atendimento médico necessário, de vacinas e castração até operações para ossos fraturados ou condições crônicas. "Metade de nosso orçamento no ano passado foi gasto com despesas veterinárias, a maioria atendimento de emergência."
Christie disse que já recebeu animais com infecções horríveis por causa de ferimentos não tratados, ossos fraturados por violência e animais que simplesmente nunca foram levados a um veterinário. Outros animais chegaram tão traumatizados que se encolhiam e se escondiam por medo em caso de aproximação de qualquer pessoa.
Aqueles que trabalham com vítimas de violência doméstica dizem que
instalações como a Ahimsa House (ahimsa significa evitar violência ou
ferimento) são extremamente necessárias.
"Pesquisa mostra que uma entre quatro mulheres vítimas de violência doméstica disse que permaneceu em casa porque o animal de estimação da família seria torturado ou morto", disse Cathy Willis Spraetz, executiva-chefe da Parceria Contra a Violência Doméstica, que tem dois abrigos para mulheres na área metropolitana de Atlanta. Spraetz disse que a Ahimsa House era um grande recurso que agora está fazendo falta.
Marina Barron, que dirige o abrigo para violência doméstica No One Alone, em Dahlonega, disse que viram casos semelhantes. "Nós encaminhamos cerca de uma dúzia de clientes à Ahimsa House no ano passado", disse Barron. "É uma entidade desesperadamente necessária."
Nacionalmente, a lei está começando a reconhecer a ligação entre o abuso sofrido por pessoas e o sofrido por animais. Em março, o Maine sancionou uma legislação permitindo que animais fossem incluídos nas ordens de proteção contra violência doméstica. Em Columbus, Ohio, a Câmara dos Vereadores aprovou um programa no ano passado que coloca os animais de estimação de vítimas de violência doméstica em um presídio feminino, onde as detentas cuidam deles.
Christie disse que a estadia média dos animais é de cerca de 65 dias. Pouco mais da metade dos animais voltou às suas donas, e os que não puderam foram entregues para grupos que cuidam de animais para que não sejam sacrificados, ela disse.
A Ahimsa House recebeu vários subsídios e até mesmo foi declarada
Organização de Resgate do Ano em 2005 pela Pedigree, que produz rações para animais e outros produtos. Mas como ela depende quase que totalmente de doações da população, ele não recebe dinheiro suficiente, disse Christie.
A dra. Kelly Trogdon, proprietária da clínica veterinária Faithful Friend Mobile, está no conselho diretor do grupo desde sua criação. Ela disse que foi a demanda reprimida que sobrecarregou o abrigo.
"Nós recebemos telefonemas de todo o Estado, e quando ela (Christie) não tem espaço no abrigo, ela paga para colocá-los em um hotel", disse Trogdon. "Ela nunca diz não."
Merrie Rennard, uma assistente social do Gwinnett Sexual Assault Center & Children s Advocacy Center (grupo de defesa de vítimas de abuso sexual e infantil), foi eleita presidente do conselho do abrigo em 2 de outubro. Ela disse que eles perderam o contrato de aluguel do atual abrigo e possuem apenas dois lares adotivos para receberem animais.
"Nós queremos reabrir, mas precisamos de pelo menos dois anos de verba
operacional para não ficarmos abrindo e fechando", disse Rennard. "Nós
precisamos de pelo menos US$ 100 mil para recomeçarmos e um novo endereço para o abrigo."
Denise, uma mulher de DeKalb County que não quis que seu nome verdadeiro fosse citado, disse que espera que a Ahimsa House resolva seus problemas financeiros. No ano passado ela fugiu para um abrigo para vítimas de violência doméstica com três filhos para escapar de seu marido violento. Mas ela teve que deixar seu cão e gato de 18 anos para trás. Uma pessoa no abrigo mostrou para ela um folheto da Ahimsa House e no dia seguinte a polícia a escoltou até sua casa para resgatar os animais. Eles permaneceram no abrigo de animais por cerca de cinco semanas.
"Eles me enviavam fotos e me mantinham informada toda semana, e quando os recebi de volta eles tinham sido levados ao veterinário, foram tratados e até me deram ração", disse Denise, que está se divorciando de seu marido. "Tanta coisa estava indo mal no meu mundo naquela época. Foi um alívio enorme não ter que me preocupar também com meus animais."