
Quando um cachorro apresenta sinais de dor ou desconforto, muitos tutores pensam em soluções rápidas e acessíveis, como medicamentos humanos. Entre eles, o ibuprofeno está entre os mais comuns. Porém, o que pouca gente sabe é que essa atitude, mesmo com boas intenções, pode ter consequências graves e irreversíveis para a saúde do animal.
Pode dar ibuprofeno para o cachorro?
Não. Sob nenhuma circunstância o ibuprofeno deve ser administrado a cães sem prescrição veterinária.
Esse medicamento é tóxico para cães e gatos, podendo causar úlceras gástricas, hemorragias internas, insuficiência renal e até a morte.
Um estudo publicado no Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice (Papich, 2012) destaca que "o ibuprofeno tem uma margem terapêutica muito estreita em cães, o que significa que a dose tóxica está muito próxima da dose terapêutica". Ou seja, o risco de intoxicação é altíssimo mesmo em pequenas quantidades.
Em seu livro Manual de Terapêutica Veterinária, o médico veterinário José Luiz Padovani (São Paulo, 2014) alerta:
“A automedicação com anti-inflamatórios humanos é uma das causas mais frequentes de internações em clínicas veterinárias de emergência.”
Sintomas de intoxicação por ibuprofeno em cães:
Vômito com ou sem sangue
Diarreia
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Letargia ou fraqueza
Falta de apetite
Tremores
Convulsões
Insuficiência renal aguda
Se seu cão ingeriu ibuprofeno, procure atendimento veterinário imediatamente. O tratamento precoce pode salvar a vida do animal.
Qual anti-inflamatório humano posso dar para o meu cachorro?
Nenhum medicamento humano deve ser administrado ao seu cachorro sem orientação veterinária.
Apesar de alguns anti-inflamatórios humanos, como o paracetamol (Tylenol®), parecerem mais seguros, eles também podem causar intoxicação se usados incorretamente. A dose, o peso do animal, sua condição de saúde e outras medicações que ele esteja usando influenciam diretamente na segurança do tratamento.
O veterinário é o único profissional capacitado para determinar o medicamento, a dosagem correta e a duração do tratamento.
Segundo a Dra. Mariana Bacci, médica veterinária especializada em farmacologia, em entrevista à Revista Cães & Cia (Rio de Janeiro, 2019):
“Mesmo medicamentos considerados ‘mais brandos’ para humanos, como a dipirona, podem causar colapso circulatório em cães com predisposição.”
O que dar para aliviar a dor do cachorro?
Se seu cachorro está com dor, a primeira e mais segura atitude é levá-lo ao veterinário. A dor pode ter diversas causas, desde problemas musculares até doenças mais sérias como hérnias, artroses ou infecções.
Alternativas seguras com acompanhamento veterinário:
Meloxicam (Metacam®) – Um AINE veterinário com perfil de segurança mais elevado.
Carprofeno (Rimadyl®) – Usado especialmente em casos de osteoartrite.
Firocoxib (Previcox®) – Específico para controle da dor e inflamação em cães.
Suplementos naturais – Como Ômega-3, condroitina e glucosamina, que auxiliam na saúde articular.
Para dores leves ou passageiras, o veterinário pode recomendar até mesmo repouso, compressas mornas e ajuste alimentar.
Quanto de ibuprofeno por kg um cachorro pode tomar?
Nenhuma dose é considerada segura sem prescrição médica.
Mesmo pequenas quantidades — como 5 mg por kg de peso corporal — já podem causar efeitos adversos sérios. Doses acima de 25 mg/kg são potencialmente letais.
De acordo com o estudo de Robertson et al., publicado no Journal of Veterinary Pharmacology and Therapeutics (Londres, 2015), a toxicidade do ibuprofeno é imprevisível e varia entre raças, idades e condições clínicas do animal. Isso reforça a importância de não tentar calcular doses por conta própria.
Dar ibuprofeno ao seu cachorro pode transformar uma dor passageira em um quadro clínico grave. A toxicidade desse medicamento para cães é comprovada e amplamente documentada na literatura veterinária. A melhor forma de cuidar do seu pet é buscando orientação profissional e evitando a automedicação.
Lembre-se: seu cachorro não é um ser humano pequeno — ele tem um organismo diferente, que reage de forma diferente aos mesmos medicamentos.
Ao perceber qualquer sinal de dor, mal-estar ou comportamento fora do normal, procure um veterinário de confiança. A saúde do seu melhor amigo agradece.
Referências Bibliográficas
Papich, M.G. (2012). Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. Elsevier.
Padovani, J.L. (2014). Manual de Terapêutica Veterinária. São Paulo: MedVet.
Robertson, S. et al. (2015). Journal of Veterinary Pharmacology and Therapeutics, London.
Bacci, M. (2019). Entrevista à Revista Cães & Cia. Rio de Janeiro.